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Foto para reportagem da Veja - 2006

02/08/2016

I Encontro de Albinos da América Latina

A alva amiga Priscila Merlin viajou para Buenos Aires para treinar seu espanhol e participar do encontro e conta um pouco a respeito do evento no texto abaixo, que gentilmente escreveu para este blog:


"As redes sociais possibilitaram relações sem fronteiras para os albinos. Graças ao facebook e whatsapp foi possível conhecer grupos de outros países.
     A ideia do encontro internacional surgiu em 2014, partindo de um grupo paraguaio e se espalhando por toda América Latina. A organização ficou a cargo do grupo argentino ALBI, que tem uma história recente, porém muito bem sucedida, na luta pelos direitos e igualdade dos albinos.
     Foi muito interessante ver pessoas de países diferentes e culturas distintas partilhando experiências. Em geral a história dos albinos é semelhante.
     O encontro durou três dias e foi realizado num centro comunitário em Fagundes Varela, distrito de Buenos Aires. Participaram cerca de 50 albinos, de várias idades, juntamente com suas famílias.  Houve apresentações de experiéncias do Paraguai, Argentina  Uruguai e Brasil.
     Muitas mães de crianças albinas puderam partilhar experiências sobre como cuidar bem de seus filhos, tanto fisica quanto psicologicamente. Aprenderam sobre estimulação visual, lentes filtrantes, equipamentos ópticos e bulliyng. As mulheres tiveram aula de maquiagem, cuidados com a pele e cabelos, moda, cores que caem bem nas albinas e modelos de óculos. As crianças puderam se divertir juntas e aprender que não são os únicos albinos existentes. Tudo isso reforça a auto estima das pessoas albinas e de suas famílias.
     Foi falado sobre os direitos garantidos em cada país e suas diferenças. Muitos albinos recebem pensão dos governos. Foi ressaltada a importância do sistema de cotas para inserção social dos albinos. Vários países não oferecem este benefício. Brasil e Argentina são os países que mais oferecem benefícios aos albinos, porém devido a deficiência visual e não especificamente ao albinismo. Alguns países estão adiantados no oferecimento de protetores solares. A maioria, no entanto, oferece um certificado de incapacidade, que dá direito a diferentes benefícios, incluindo transporte e cultura.
     Como em todo grupo social, há diferenças de opinião. Muitos albinos consideram-se deficientes e descapacitados. Outros, entretanto, enfrentam as dificuldades com certa tranquilidade. É interessante notar que estas divergências se repetem em todos os países.  Enquanto alguns preferem o comodismo das pensões governamentais, ainda que pequenas, outros aproveitam os sistemas de cotas para se inserir no mercado de trabalho e alcançam posições de destaque. 
     Por fim foi reafirmada a importância do convívio social entre albinos para mudança do pensamento de "incapaz" para "perfeitamente capaz". 
     Outros encontros devem ocorrer nos próximos anos, pois o objetivo é trocar experiências, aprender mais e melhor, aumentar a auto estima e ampliar a qualidade de vida dos albinos."